;

 

Como aumentar o córtex

Aprender a manter três bolinhas no ar faz o córtex aumentar, conclui estudo.

Você certamente já tentou com laranjas ou bolas de tênis, não conseguiu passar da segunda laranja sem deixar tudo cair no chão, e deixou o exercício para lá. Mas se houver motivação suficiente, como a esperança de uma namorada impressionada ou de um trocado suado no sinal de trânsito, você e os meninos de rua conseguem aprender a manter três bolas no ar durante um bom minuto. Como?

"Graças a mudanças funcionais no cérebro", seria a resposta tradicional. Uma vez adulto, o cérebro não mudaria mais sua estrutura, embora continuasse capaz de alterar seu funcionamento, enquanto aprende uma nova palavra e seu significado ou como dedilhar um instrumento musical. Um simpático estudo alemão publicado na revista Nature, no entanto, mostra que o cérebro é capaz de fazer ainda mais: sua estrutura muda, sim, com o aprendizado.

Arne May e colaboradores, na Universidade de Regesburg, Alemanha, pediram à metade de um grupo de 24 jovens voluntários que aprendesse a manter três bolinhas no ar durante ao menos um minuto, naquela manobra clássica do malabarismo em que as mãos se alternam para jogar bolinhas para o alto, na frente do rosto. Antes de começar o treino, todos os voluntários – mulheres, na maioria – submeteram-se a uma sessão de ressonância magnética, para registrar em detalhes a estrutura pré-malabarismo de seus cérebros.

Passados três meses, durante os quais as jovens ficaram craques em manter as bolinhas no ar, todos os voluntários, novos malabaristas ou não, passaram por outra sessão de ressonância magnética, em busca de alterações estruturais em áreas do córtex cerebral que pudessem participar do novo talento. Resultado: enquanto o cérebro dos não-malabaristas não mostrava alteração alguma, duas regiões no córtex de todos os novos malabaristas tinham aumentado uns 3% de tamanho.

As duas regiões aumentadas com a prática da manutenção de bolinhas no ar participam do processamento visual: uma é responsável pela visão de movimento dos objetos, a outra pela sua localização espacial. Curiosamente, os pesquisadores não encontraram nenhuma alteração em áreas corticais responsáveis pelos movimentos das mãos. Por que não? "Aprender malabarismo envolve principalmente a percepção de objetos em movimentos e a antecipação de sua nova localização espacial a cada momento", sugere a equipe, "e um controle motor apenas bom, o que todos os nossos voluntários já tinham." Portanto, o treino deve levar a alterações em regiões visuais do córtex, e não em regiões motoras.

E se o treino com as três bolinhas faz regiões do córtex expandir, a interrupção do treino faz com que essas regiões... voltem ao normal. Após o exame que constatou a expansão cortical, os pesquisadores pediram aos novos malabaristas que não tocassem mais nas bolinhas: durante outros três meses, eles não deveriam nem praticar, muito menos tentar melhorar seus dotes com uma quarta bolinha.

Findos os três meses sem treino, todos os voluntários passaram novamente pela ressonância magnética para medir o tamanho daquelas áreas que haviam aumentado. Quem não havia aprendido malabarismo continuou com tudo bonitinho, do mesmo tamanho. Os que haviam aprendido mas deixaram de praticar ainda tinham uma ligeira expansão daquelas duas regiões do córtex visual, mas a expansão era mais discreta: pouco mais de 1% em relação ao estado inicial. Ou seja: as áreas visuais que provavelmente participaram do aprendizado estavam voltando às origens.

E as habilidades malabarísticas dos voluntários também. Para seu desapontamento – mas nenhuma surpresa –, eles agora deixavam as bolinhas cair no chão. Sinal de que a expansão do córtex não só é função do aprendizado, como também pode ser a diferença que permite a execução bem-sucedida da tarefa.

Mas além de demonstrar que o cérebro adulto ainda é capaz de mudar sua estrutura, o maior feito da equipe talvez seja confirmar o que neurocientistas de várias especialidades já vêm pregando há tempos: "seu cérebro/neurônios/sinapses: use-os ou perca-os". A massa adicional de córtex – não se sabe se composta por novas conexões, células gliais ou, quem sabe, até por novos neurônios – adquirida com o aprendizado do malabarismo só se mantém enquanto servir para alguma coisa. Pare de praticar e seu córtex desaprende.

E então só resta começar tudo de novo. Mas com um consolo: em três meses de prática, as regiões necessárias do córtex deverão conseguir expandir de novo, e seus dotes malabarísticos serão recuperados. E aí, que tal ir correndo buscar três laranjas na geladeira e ver se você consegue expandir seu córtex visual?

Fonte: Draganski B, Gaser C, Busch V, Schuierer G, Bogdahn U, May A (2004). @@ Changes in grey matter induced by training. Nature 427, 311-312.

Gostou do artigo? Compartilhe com seus amigos e amigas

Formação Internacional - Practicioner em Programação Neurolinguística

Nos dias 11 e 12 de março de 2017 terá início a formação internacional de Practitioner em Programação Neurolinguística, oferecido pelo Instituto de Desenvolvimento do Potencial Humano.

O curso será oferecido na cidade de Campinas, SP, em 10 módulos de dois dias, com carga horária total de 200 horas, com encerramento em dezembro de 2017.

O primeiro módulo, Foco - Concentração Dinâmica, ocorrerá nos dias 11 e 12 de março, e poderá ser cursado independentemente dos demais módulos.

A PNL possui um poderoso conjunto de recursos úteis para se comunicar melhor, aprender mais, mudar comportamentos, resolver conflitos, solucionar problemas, criar novas possibilidades, reduzir sintomas e gerenciar a vida no mundo atual, contribuindo significativamente para melhorar a vida de seus praticantes. Isso representa o resgate da autonomia e a conquista de grande liberdade para aquelas pessoas que desejam buscar seus próprios caminhos.

O curso possui certificação internacional pela International Association of NLP Institutes

Profissionais

Viviani Bovo

Viviani BovoPalestrante, Coach, Facilitadora Licenciada pela "Corporate Coach U" para o treinamento com certificação internacional "The Coaching Clinic", estudiosa e pesquisadora de ciências do comportamento, 'Green Belt' em Six Sigma, consteladora, coautora e coeditora do livro MAPAS MENTAIS, ex-profissional e líder de área financeira com experiência de mais de 20 anos em multinacional de grande porte.

Walther Hermann

Walther Hermann Designer de Treinamentos Comportamentais, coach e Treinador de competências mentais e emocionais, palestrante e escritor; mantenedor do portal www.idph.com.br; criador de vários cursos, presenciais e à distância, de desenvolvimento de competências e desbloqueio de aprendizagem (Softwares Humanos); autor e editor dos livros "MAPAS MENTAIS -- Enriquecendo Inteligências" (2005), "HISTÓRIAS QUE LIBERTAM" (2000), "DOMESTICANDO O DRAGÃO - Aprendizagem Acelerada de Línguas Estrangeiras" (1999), "O SALTO DESCONTÍNUO" (1996) e de várias palestras gravadas em vídeo e áudio. Criador do Sistema de Aberto de Aprendizagem de Línguas Estrangeiras (OLeLaS).